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Petra: O segredo dos Nabateus

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Lola Mellado, Product Manager África na Icárion

julho 2022

Quando era criança, nos anos 80, cresci com filmes do Indiana Jones. Ainda me recordo do tremendo impacto que me causou a cena de "Indiana Jones e a Última Cruzada" em que os protagonistas cavalgaram através do Desfiladeiro da Lua Crescente até chegarem a um templo magnífico, majestoso, tão bonito que na mente do grande Steven Spielberg era digno de albergar nada mais nada menos do que o mítico Santo Graal. Naquele dia, prometi a mim mesma que um dia iria visitar aquele lugar. Tive, recentemente, a oportunidade de visitá-lo pela segunda vez e estou confiante de que não será a última.

Índice

Seguindo os passos de Indiana Jones

Petra, a capital do Reino Nabateu, permaneceu em segredo por mais de 600 anos. Escondida entre montanhas, de difícil acesso e ferozmente protegida primeiro pelos nabateus e depois pelos homens do deserto, foi uma lenda durante séculos. Petra é uma das 7 maravilhas do mundo moderno, o tesouro mais precioso da Jordânia. Para chegar à cidade tem de caminhar pelo Siq, um desfiladeiro estreito que serpenteia ao longo de um quilómetro e meio oferecendo ao caminhante um espetáculo de formas e cores impossíveis que mudam com o avanço do sol. No final deste percurso encontramos a mais bela recompensa: estamos perante "O Tesouro", o e mais famoso edifício de Petra com a sua espetacular fachada esculpida num dos recantos do desfiladeiro.

A primeira vez

Lembro-me como se fosse ontem a primeira vez que percorri o longo Siq, espantada com a forma como a Natureza se torna caprichosa e impressionada com a genialidade dos nabateus que inventaram, entre outras coisas, um sistema complexo para aproveitar cada gota da preciosa água da chuva. Depois de muito tempo a caminhar, parando de vez em quando para ver alguns detalhes e gravuras aqui e ali, parámos para contemplar algo que o guia nos indicou na parede, alguns passos à esquerda e de repente o desfiladeiro abriu-se mostrando no seu final o edifício mais bonito que já vi e permitindo-me realizar um sonho que me acompanha desde criança. Tive a sorte de ver muitas construções imponentes em todo o mundo, mas nenhuma me comoveu como o chamado "Tesouro de Petra".

Reeditando um sonho

Desde o início que soube que tinha de voltar. Durante todo o tempo que passei em Petra pela primeira vez, fiquei a pensar que isto era algo que o meu marido teria de ver, queria partilhar com ele essa experiência incrível, por isso, há uns meses atrás, decidimos dedicar as nossas férias à Jordânia. Chegamos a Petra vindos de Amã, passando por Madaba, onde visitamos a Igreja Ortodoxa de São Jorge, que abriga o primeiro mapa em mosaico da Palestina, e o Monte Nebo, de acordo com a tradição, o último lugar visitado por Moisés e de onde o profeta viu a terra prometida, à qual ele nunca chegaria. Por fim, ao final da tarde chegamos ao Mövenpick Nabatean Castle, um encantador hotel que imita um castelo a apenas 10 minutos de autocarro da entrada de Petra e com vistas extraordinárias para o Vale do Rift. No dia em que acordámos em Petra estávamos um pouco nervosos. Sabíamos que nos aguardava um dos dias mais emocionantes desta viagem. Rafa estava mais calmo do que eu, apreciando as belas vistas do hotel, ele ainda não sabia o que o esperava. Assim que a nossa digressão pelo Siq começou, ele sentiu a sua excitação a crescer, afinal de contas, ele também tinha sonhado em ser Indiana Jones.

Um cenário de filme

E de repente éramos novamente os protagonistas de "A Última Cruzada" à procura do nosso Santo Graal e estávamos em frente ao formidável templo. E mais uma vez fui atingida pela mesma emoção. Desta vez aquele sentimento apanhou-me de surpresa. Afinal, já lá tinha estado, certo? Mas, mesmo assim, foi tão excitante e espetacular como da primeira vez. Alguns lugares no mundo são tão mágicos, tão especiais, tão diferentes que são capazes de despertar algo em ti que nem sabias que existia. É a Petra, do filme.

A subida ao Mosteiro

Petra é muito mais do que o seu tesouro, é uma cidade muito maior do que se espera. Esculpida na rocha, muda de cor com os raios do sol, de mais branco a mais rosa. São necessários vários dias e muita energia para percorrer toda a área, por isso é melhor concentrarmo-nos no que mais nos interessa. Na primeira vez subi ao "Altar dos Sacrifícios", mas desta vez tive de subir ao edifício mais impressionante de Petra, depois do "Tesouro". Uma subida de 850 degraus, exaustiva, mas espetacular, leva-nos a um dos edifícios mais emblemáticos da cidade cor-de-rosa: o Mosteiro. Escondido dos olhos daqueles que não se atrevem a fazer a subida, o Mosteiro é imponente e majestoso. Agora é ele que nos deixa sem fôlego, e não o cansaço. Valeu a pena.

Uma nova promessa

Nessa noite, continuamos a caminho de Aqaba, nas margens do Mar Vermelho, a duas horas de Petra, que é alcançada por uma estrada maioritariamente pavimentada. Apesar de estar muito cansada depois de um dia muito intenso na cidade cor-de-rosa, naquela noite decidimos dar um passeio para desfrutar da extraordinária atmosfera de Aqaba. É uma cidade divertida, aberta e muito segura, repleta de bares, restaurantes e lojas de todos os tipos. Caminhar pelas suas ruas a nosso bel-prazer foi uma das atrações da viagem. E enquanto estávamos a desfrutar de uma bebida numa das esplanadas desta vibrante cidade costeira, já sabia que Petra me voltaria a chamar no futuro, por isso fiz-lhe uma promessa também muito cinematográfica: “voltarei".

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